Considerado
uma das 10 ideias que mudarão o mundo no século 21, o chamado Aerotrópolis ou
cidades-aeroporto. A ideia é construir uma cidade em volta ao sítio
aeroportuário, de maneira que o aeroporto se torne o centro da cidade, com
shopping, áreas comerciais, escritórios e até mesmo universidade. Tudo
praticamente “dentro de um aeroporto”.
“A era do
instante, com viagens que favoreceram a ubiquidade, escalas de trabalho de 24
horas, sete dias por semana e cadeias globais de suprimentos, exigirá uma
reconfiguração radical. As cidades deverão ocupar o entorno do aeroporto em
círculos concêntricos de zonas comerciais e residenciais”, escreveu John
Kasarda, mentor do conceito e autor do livro “Aerotrópolis: o modo como
viveremos no mundo” (DVS Editora, 2013).
Para o
professor, o terminal de Schipol, em Amsterdã, é a mais bela amostra de uma
aerotrópolis desenvolvida. Localizado a 20 minutos do centro da cidade, Schipol
possui, além do terminal em si, comércio expandido, prestadoras de serviço,
indústrias e 16 escritórios de grandes empresas, entre eles o da Microsoft, a
um quarteirão do aeroporto.
O Brasil não
ficou de fora. O Aeroporto de Confins em Belo Horizonte, é o próximo a se
tornar um Aerotrópolis. John Kasarda, Professor da Universidade de Carolina do
Norte e consultor do Governo de Minas Gerais estiveram no Brasil em 2014, para
unir esforços para que essa imensa ideia se torne realidade por aqui.
Faltam mais
voos internacionais, diz o consultor. “Com mais rotas internacionais, toda
carga sai de Confins, sem precisar embarcar de São Paulo ou Rio de Janeiro.
Voos internacionais reduzem o vazamento da carga, assegurando investimentos no
local. São o motor de toda Aerotrópolis”. Acompanhe um trecho de sua entrevista
ao repórter Bruno Porto, do jornal ‘Hoje em Dia’.
Bruno Porto – Antigamente, a tendência
era construir aeroportos na periferia das cidades. O que mudou no mundo para
que se construa uma cidade ao redor do aeroporto?
John Kasarda
– Antigamente se construía um aeroporto longe da zona urbana para que o
terminal pudesse se expandir sem causar impacto nas regiões residenciais. O
aeroporto servia a cidade, e era visto e usado apenas como terminal de
transporte. Nos últimos 20 anos, o aeroporto ganhou outra importância para a
economia mundial e transformou-se num imã para as empresas. Atrai investimentos
imobiliários porque as pessoas querem morar perto do trabalho. A proximidade é
a facilidade, por isso a cidade segue o aeroporto hoje. É o que acontece no
mundo todo.
Esse movimento não se assemelha ao que
acontecia antigamente, quando a cidade se desenvolvia em torno das estações de
trem?
Sim.
Historicamente, os centros de transporte eram os catalisadores. Começou com os
portos, foi para as estações de trem, rodovias e, agora, os aeroportos. É a
quinta onda de desenvolvimento que, embora tenha muita similaridade com as
outras, tem um impacto muito maior, por ser uma onda global.
Em que fase de desenvolvimento da
aerotrópolis de Belo Horizonte nós estamos atualmente?
Quando
comecei, em 2004, o Aeroporto de Confins tinha 300 mil passageiros ao ano (hoje
tem 10 milhões). A conectividade era pobre, demorava-se entre uma hora e uma
hora e meia para se chegar ao terminal, não existia nada ao redor do aeroporto,
o transporte local era pobre. Naquela época, o Aeroporto da Pampulha dominava o
transporte aéreo de Belo Horizonte. Na Pampulha, se chegava em 20 minutos, mas
é um terminal pequeno, sem possibilidade de expansão e sem potencial econômico.
Confins terá três pistas de decolagem. A Gol montou um centro de manutenção
responsável por 11 mil empregos, de forma direta ou indireta. Há hotéis com
1.500 leitos, infinitas facilidades.
Em quanto tempo a Aerotrópolis de Belo
Horizonte estará madura, em condições de competir mundialmente?
Depende do ambiente
econômico, do crescimento da economia e do número de voos, tanto internacional
como domésticos. Quanto mais rápido se conseguir novos voos, mas rápido se
atrairá empreendimentos para seu redor.
Fonte: Portal do Aviador
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